domingo, 23 de agosto de 2009

TP4


O estudo do TP4 levantou questões polêmicas sobre o processo de leitura e escrita. Realizamos uma enquete com os professores sobre o assunto: Quem lê muito escreve bem ? A leitura e a escrita são processos interdependentes ? O estilo de escrita do indivíduo depende do tipo de leitura que gosta e que está habituado ? As conjeturas foram muitas , seguidas de exemplos práticos, porém, observamos que nada é definitivo, nem há regras , normas, nem leis que estabeçam uma definição concreta e definitiva a respeito do tema. Para auxiliar os estudos acessamos, durante o encontro o site http://www.educarede.org.br/ e apresentamos a seguinte leitura aos professores , para debate:

" Escrita: um processo individual e dialógico"
"Assim como a leitura, o processo de escrita é tanto uma experiência individual e única, quanto interpessoal e dialógica. É individual e única porque o processo de produção de um texto implica escolhas pessoais quanto a o que dizer e a como dizer: a seleção de tópicos a serem apresentados, das palavras a serem utilizadas, dos enunciados a serem organizados são escolhas do produtor do texto, que refletirão seu estilo de dizer. Escrever é um processo interpessoal e dialógico porque todo texto sempre se relaciona, de alguma forma, com os textos já produzidos anteriormente no que se refere a:
· o que se pode dizer por meio de determinados gêneros;
· à forma de dizer (escolhas lexicais típicas do gênero, expressões usuais que acabam por caracterizá-los, por exemplo;
· os textos produzidos e seu conteúdo, que podem marcar época, constituindo-se como referências;
· os gêneros, propriamente, que também são construções históricas, e, dessa forma, modificam-se, caem em desuso, são criados.No século XVII, era comum quando se pretendia visitar um parente ou amigo — ainda que residente na mesma cidade — escrever-se uma carta e entregá-la em mão, com a finalidade de avisá-lo de sua visita. Hoje essa prática caiu em desuso — e com ela a situação de utilização do gênero — tendo sido substituída por um telefonema, por exemplo. As tecnologias digitais, por outro lado, acabam por criar novas possibilidades de interlocução escrita com pessoas distantes geograficamente umas das outras: por e-mail, enviando-se mensagens que ora se assemelham a bilhetes, ora a cartas, em tempo não-real, ou, ainda em chats, nos quais se pode conversar em tempo real com pessoas dos lugares mais longínquos do planeta. Criam-se, assim, se não novos gêneros, pelo menos modificações nos gêneros já existentes. Uma carta de amor, por exemplo, possuía fórmula de iniciação e de conclusão muito diferentes no século XVII e atualmente. Dificilmente uma jovem hoje receberia uma carta que começasse com a expressão Estimada senhorita (ou Caríssima senhorita), ou que terminasse com a expressão Com votos de consideração e estima.Na literatura, por exemplo, os poemas concretos passaram a existir a partir de determinada época, como resultado de necessidades estéticas historicamente construídas em um determinado período; por não corresponderem também às novas necessidades estéticas, gêneros como as cantigas de amigo, por exemplo, típicos da Idade Média, foram sendo preteridos pelos poetas e literatos. As crônicas esportivas também foram gêneros que se constituíram em épocas recentes e apenas em determinadas culturas, como a brasileira. Na Suécia, por exemplo, este não é um gênero presente. Há também textos que se referem a outros já escritos, chegando mesmo a conter citações explícitas. Se quiser ver um exemplo dessa inter-relação que existe entre os textos — denominada também de intertextualidade. Como é possível perceber, os textos que produzimos são resultantes das escolhas que fazemos quanto a o que dizer e como dizer em função das condições de produção colocadas. Essas escolhas não são aleatórias, mas determinadas historicamente. Quer dizer, em um dado momento histórico há um conjunto de possibilidades disponíveis e é no interior desse conjunto que as nossas escolhas pessoais são feitas. Parte dessas possibilidades relacionam-se aos gêneros do discurso".

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